Há quem diga que antes de trocar pneus, colocar pimenta no motor e mexer na suspensão, uma forma barata, rápida e eficiente de preparar um carro para a pista é a redução de peso. É só tirar algumas coisas do carro – banco traseiro (às vezes, o bando do carona também), revestimentos das portas, carpetes, forração do teto, rádio e alto-falantes – e voilà, você economiza alguns quilos. Claro, falando em nível pessoal, de coisas que você pode fazer sozinho no seu carro sem gastar um tostão.
DIRETO DE STUTTGART
DIRETO DE STUTTGART
Agora, se você é uma fabricante de automóveis, a coisa pode ficar bem mais extrema. Especialmente se você é uma fabricante de esportivos como a Porsche, que tem boa parte de sua reputação garantida pelo sucesso nas pistas. Um carro de corrida precisa ser o mais leve possível, e as medidas tomadas para atingir este objetivo muitas vezes fazem fama por si só.
Um exemplo clássico disto é a chave perfurada do Porsche 917K, protótipo com o qual os alemães venceram as 24 Horas de Le Mans de 1970 e 1971. Ele não era o mais leve de todo os Porsche por causa de seu enorme motor flat-12, mas ainda assim usava carroceria de fibra de vidro, estrutura tubular e tinha até mesmo a chave de ignição perfurada – uma modificação mais simbólica do que prática, mas muito bacana exatamente por isto. É como dizer “nós perfuramos a chave para economizar alguns gramas – sim, chegamos a este ponto.” Demais.
A propósito, adiantamos o Porsche 917K pesava cerca de 800 kg e, para nós, deveria estar na lista. Mas provavelmente a Porsche quis dar mais destaque a modelos menos conhecidos na hora de produzir o mais recente episódio de sua série “Top 5”, com os modelos mais leves já produzidos em Stuttgart. A gente perdoa.
De todo modo, o resultado é um belo vídeo filmado na famosa estrada de Grosslockner, que fica no ponto mais alto da Áustria – a montanha de Grosslockner, cujo cume está 3.798 metros acima do nível do mar. Na estrada, o ponto mais alto fica 2.504 metros acima do nível do mar. São 14 km de curvas fechadas e paisagens de tirar o fôlego, com rochedos e árvores que, em alguns pontos, são permanentemente cobertos de neve. É uma das estradas turísticas mais famosas da Áustria e, segundo a Porsche, o cenário perfeito para mostrar seus cinco carros mais leves.
5 – Porsche 911 Carrera RS 2.7 Sport Lightweight
O sobrenome Carrera foi usado pela primeira vez no Porsche 911 em 1973 – antes dele, em 1954, havia o 356 Carrera, que era movido ido por um flat-4 com comando duplo nos cabeçotes e foi batizado em homenagem às vitórias da Porsche na Carrera Panamericana na década de 50. Há quem diga que o 911 Carrera RS 2.7 é o melhor dos 911 clássicos: seu visual icônico, com o spoiler traseiro do tipo duck tail; as rodas traseiras mais largas; os freios maiores e seu motor de 2,7 litros e 210 cv com injeção mecânica de combustível formam um conjunto simples e eficiente.
O Carrera RS 2.7 foi fabricado em 1973 e 1974 em duas versões: a RS Touring, voltada ao conforto, e a RS Sport, que tinha foco na leveza. A carroceria tinha alguns painéis mais finos, assim como os vidros; não havia relógio, descansa-braço nas portas, rádio, para-sol para o carona e nem banco traseiro. O resultado era um carro 100 kg mais leve: 975 kg contra 1.075 kg da versão Touring, sem fluidos.
4- Porsche 906 Carrera 6
O 906 foi o último protótipo de corridas da Porsche a ganhar uma versão de rua para homologação nos anos 60, e o primeiro a usar uma estrutura tubular de aço com carroceria de fibra de vidro – seu antecessor, o Porsche 904, usava um monobloco e parte da carroceria como componente estrutural. Como resultado, o Porsche 906 com motor flat-6 de dois litros (na verdade, 1.991 cm³) e 210 cv pesava apenas 675 kg vazio. Foi uma bela redução de peso ante os 750 kg do 904.
Ele também foi o primeiro Porsche de corrida a ter a carroceria projetada após estudos aerodinâmicos em túnel de vento, o que garantiu uma velocidade máxima de 280 km/h ao fim da reta Hunaudières do circuito de La Sarthe. As portas eram do tipo “asa de gaivota” e o motor ficava sob uma redoma de acrílico transparente.
O baixo peso e a velocidade final alta para um carro de dois litros garantiram bons resultados ao Carrera 6 nas pistas: um sexto lugar em sua estreia, nas 24 Horas de Daytona de 1966; vitórias em sua categoria nos 1.000 Km de Spa e nos 1.000 Km de Nürburgring e uma vitória na Targa Florio daquele ano. Além disso, nas 24 Horas de Le Mans de 1966, quatro exemplares do Porsche 906 ficaram atrás dos três Ford GT40 que venceram a corrida, ocupando da 4ª à 7ª posições.
O carro que aparece no vídeo é um exemplar especial, que foi encomendado pelo canal alemão ZDF para filmar corridas no circuito de Hockenheim. O 906 tem a carroceria estampada com a logo do canal e personagens dos desenhos animados que eram transmitidos.
3 – Porsche 356 SL
Feito com base na versão Roadster do Porsche 356, lançado em 1948, o cupê 356 SL foi uma das obras primas de Ferry Porsche. Com carroceria toda de alumínio, ele pesava esbeltos 640 kg e era movido por um flat-4 de 1,1 litro e 40 cv – este, descendente direto do motor boxer Volkswagen.
Baseado em um dos primeiros protótipos do 356 cupê, o modelo SL (de Sport Lightweight) tinha uma grelha de alumínio no lugar de cada janela traseira, tiras de couro para fechar o capô e interior desprovido de boa parte dos acabamentos.
Foi com um exemplar carro que, em 1951, a Porsche venceu sua categoria na primeira vez em que participou das 24 Horas de Le Mans, algo que para a fabricante marca o início de sua história nas pistas. Claro, na classificação geral o pequeno cupê de 40 cv ficou na 19ª posição, mas o significado do feito é muito maior: também foi a primeira vez que uma fabricante alemã participou das 24 Horas de Le Mans depois da Segunda Guerra Mundial.
2 – Porshe 718 Formula 2
O Porsche 718 original era um roadster de motor central-traseiro cujo projeto era bastante semelhante ao do 550 Spyder, com chassi tubular do tipo spaceframe e carroceria de alumínio. A até mesmo o motor era igual ao das últimas versões do 550 — um boxer de quatro cilindros com comando duplo nos cabeçotes (conhecido como quad-cam) com deslocamento de 1,5 litro e 142 cv.
Para um carro que pesava apenas 570 kg, era potência suficiente. Sua estreia aconteceu nas 24 Horas de Le Mans de 1957 (que foram vencidas pelo Jaguar D-Type), mas o carro conduzido pelo italiao Umberto Maglioli e pelo alemão Edgar Barth sofreu um acidente na volta 129 da corrida.
E que tal uma versão ainda mais leve? Pois bem: graças ao posicionamento central da caixa de direção, o 718 foi facilmente convertido em um monoposto para a Fórmula 2. Removendo-se boa parte da carroceria e deixando apenas o mínimo para proteger o motor, o piloto e os componentes da suspensão, o 718 Formula 2 passou a pesar parcos 456 kg. O peso baixíssimo e a potência razoável garantiram duas vitórias na temporada de estreia, em 1958.
1 – Porsche 909 Bergspyder
Este é provavelmente o mais desconhecido da lista, mas merece estar na primeira posição. Construído em 1968, o Porsche 909 Bergspyder foi feito especialmente para corridas de subida de montanha. Ferdinand Piëch queria um carro à altura de disputar com a Ferrari 212E Montagna, que tinha um flat-12 de dois litros e 280 cv e era construída sobre o chassi tubular da Dino 206, pesando 500 kg.
Com estrutura tubular e carroceria de plástico (não fibra de vidro, plástico mesmo), o 909 Bergspyder pesava inacreditáveis 385 kg. Com o motor flat-8 de dois litros e 280 cv, o carro tinha uma relação peso/potência de 1,37 kg/cv e era capaz de ir de zero a 100 km/h em cerca de dois segundos. Dois segundos, cara!
Apesar disto, as Ferrari se deram melhor nas provas de subida de montanha e a Porsche abandonou o projeto após um ano. Isto ajuda a explicar como um carro tão veloz e leve não é tão famoso assim.
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